quarta-feira, 11 de março de 2009

romance policial - 1° capitulo - parte III

No dia seguinte, bem antes do horário combinado já estava em frente a um prédio de escritórios no centro velho de São Paulo. Deteve-se alguns momentos antes de entrar, sentindo um frio na barriga. Não estava muito confiante naquilo que estaria fazendo. Apesar de ser um tanto ousado , muitas vezes se pegava na indecisão da tomada de algumas ações. Estava diante daquelas bifurcações que o destino nos põe ... ou podia neste momento simplesmente virar as costas e continuar na sua vidinha pacata de um funcionário estatal sem muitas perspectivas ... ou entraria para um mundo diferente de novos desafios... novos horizontes com muitas perspectivas à frente.
Sinceramente o visual do prédio não era nada convidativo, afinal estava localizado numa região decadente da Luz cheio de nóias e cineminhas inescrupulosos próximo a Praça Júlio Prestes – Luis Carlos pensa em voltar para trás e ir embora daquele lugar, mas o ímpeto de algo cheio de aventura e novidade no ar o forçou a subir aquelas escadas sujas e mal iluminadas até o segundo andar conforme indicado no cartão. Olhou em volta e viu uma pequena placa na porta de uma das salas

– DETETIVE AMARAL –
Serviços profissionais com sigilo absoluto

e então mais uma vez foi tentado a sumir daquele local pavoroso quando leu a palavra “ DETETIVE “ daquela placa à sua frente. Franziu o semblante e negativou com a cabeça pensando o que poderia ser aquilo!!!...ou quem poderia ser aquele sujeitinho estranho!!!. Quando fez menção de sair, a porta se abriu e o detetive Amaral apareceu com sua figura estranha de um senhor de meia estatura, cara sempre amarrada e óculos de aro de tartaruga.
“Bom dia professor!”.
“Ohh!” – “Bom dia sr.Amaral !! Cheguei um pouco adiantado né?” – Luis Carlos se sentia meio tenso e não estava se sentindo muito à vontade para a ocasião.
“Sem problemas, assim ganhamos tempo, pois o dia é curto e ainda tenho que resolver muita coisa” – “vamos direto ao assunto” – com modos sempre apressados convidou Luis Carlos que se sentou com um ar de asco e desconfiança naquele sofá de tecido já cerzido pelo tempo e pelos corpos que estiverem sentados por ali e um cheiro impregnante de cigarro e coisa velha no ar.
O detetive Amaral há muito tempo prestava assessoria para uma grande agência americana e a localização do seu escritório naquela região da cidade tão deplorável era puramente estratégica, até porque sem indicação sua, dificilmente alguém decente se aventuraria em aparecer naquele lugar, quanto mais para requisitar seus serviços de investigação – “era uma questão de sobrevivência e risco andar por aquelas ruas” – costumava dizer.
A agência americana mantinha não somente este contato no Brasil, mas dispunha de agentes espalhados em quase todos os cantos do mundo. Era uma estratégia estabelecida para não levantar suspeitas pelos casos investigados onde a maioria dos principais clientes eram os principais governos mundiais e grandes conglomerados empresariais .
O detetive Amaral então começou a explicar o porquê daquele contato e Luis Carlos muito atento no assunto, estranhou de início aquela conversa, pois o detetive procurou ser o mais sucinto possível pelas recomendações que recebeu da matriz americana para não expor muitos detalhes do trabalho a ser realizado. Em todo caso teria que convencer o professor pois este seria uma das peças fundamentais para a solução de um grande problema que os aguardava num mundo bem distante ... o México...Como estava acostumado com esse tipo de abordagem, logo tinha conseguido a atenção do seu assistente que já estava muito interessado em viajar o quanto antes e rever aquela terra tão distante e tão misteriosa.
Em pouco tempo todos os preparativos e documentações necessárias estavam prontas, devido ao excelente “suporte técnico “ que a matriz americana mantinha aqui no Brasil de muitos contatos em órgãos públicos e administrativos para em tudo facilitar a vida daqueles poucos beneficiados por um sistema que sinceramente Luis Carlos teve lá suas suspeitas, mas procurou não comentar muito ou nada, até porque não obteria muita resposta à altura de suas muitas perguntas que deixavam o detetive muitas vezes com aquela cara de poucos amigos. Fora acertado que dali há três dias estariam voando para o México.

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