quarta-feira, 11 de março de 2009

romance policial - 1° capitulo - parte I

Cidade do México – outubro de 1992

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*El Universal : Furto en museo de la Antropologia

“Indignante atentado en el Museo Nacional de la Antropología fue victima de mas un robo de una pieza del siglo XIV”

* ( principal jornal do México )


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Depois de quase dez horas de vôo sem escala desde São Paulo, o detetive Amaral acabava de chegar à Cidade do México. Desta vez vinha acompanhado de um professor e historiador da Universidade de São Paulo – professor Luis Carlos Moreira – mestre em História Pré-Colombiana. Ficariam algumas semanas ou talvez até alguns meses para desvendarem um grande mistério que vinha acontecendo em relação aos recentes furtos de algumas obras do Museo Nacional de la Antropologia. O professor Luis Carlos fora contratado para prestar consultoria como historiador técnico com todo seu vasto conhecimento em História da Cultura Asteca e com isso ajudaria em muito nas investigações e esclarecimentos devidos.
O detetive Amaral, um homem vivido, maduro na idade e no conhecimento, porém com cara de poucos amigos pela sua constante aparência sisuda e semblante fechado, não era propenso a muitas conversas fiadas e nem muitos papos furados, suas palavras eram sempre diretas e objetivas, sendo assim raras às vezes que trocaram palavras no decorrer daquela viagem.
“Então senhor Amaral, animado com mais uma nova experiência de desvendar mistérios ocultos?” – Luis Carlos de quando em quando quebrava o silêncio entre os dois com uma pitadinha de humor - esse fora o seu jeito brincalhão de fazer novos amigos desde pequeno, mantendo sempre o alto astral, com ele não tinha tempo feio, tinha aquele dom de quebrar o gelo até entre os mais recatados, nem que tivesse que quebrar um enorme iceberg...pensou ao se deparar com tamanha frieza daquele homem.
“É...novos desafios” – respondeu meio seco o velho detetive sem grandes alterações na sua fisionomia e no tom de voz.
“O senhor sabe que sempre é muito bom avançarmos no conhecimento” – continuou Luis Carlos – “para que a vida não se torne tão monótona” - a arte de filosofar sempre esteve presente nas suas palavras – “e no demais, a cultura do povo asteca é algo que tenho muito interesse em pesquisar, inclusive foi um dos temas que usei na minha tese de Mestrado em História Pré-colombiana”. Essa era uma recordação muito boa dos tempos que praticamente passava o dia todo no prédio da Faculdade de Ciências Humanas da USP envolvido de corpo e mente e alma nessas pesquisas – “E o senhor já conhecia o México?” – continuou ele.
“Sim” – “e gostaria, por favor, que não me chame de senhor” – “não me considero com idade para tanto respeito assim”.
Com um sorriso amarelo, Luis Carlos se desculpou, mas prosseguiu na sua conversa, afinal achava muito interessante conhecer os mais variados tipos de pessoas com seus pensamentos, idéias e comportamentos diferenciados.Não foi à toa que escolheu uma área de Humanas para atuar e ser alguém na vida, ou pelo menos tentar sobreviver com o seu parco salário digno de um humanista pátrio de um país pouco favorável ou nada favorável às artes e a ciência humana.
“Bom... eu já vim para o México outras vezes principalmente quando estava fazendo meu projeto sobre os Astecas” – “Durante um ano fiz parte de um programa de Intercâmbio Cultural entre Brasil e México”.
“Isto é bom!” – finalizou o detetive encerrando o papo nada animado entre ele e Luis Carlos.

Um comentário:

  1. Bem diversificado seus assuntos, diría que pode ser comparado à um diário lírico.

    Parabéns!!!

    R.L.Mandu

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