quinta-feira, 20 de maio de 2010

Desabafo político - Salvador Lopes - jornalista (autoria)

Olá! Como vai?

Tomei a liberdade de trocar uma ideia rápida contigo pelo email. O tema: eleições. Trata-se menos sobre eleição, na verdade, e mais sobre sentimento motivador do voto.

Votar, pra mim, tem sido sinônimo de uma luta constante de necessidades práticas do (eu) cidadão e de desejos do eu (sonhador), às vezes tão unificados, outras tão dissociadas.

Estranho dizer isso porque a vida tem solicitado cada vez mais que sejamos práticos, e que tenhamos atendidas nossas necessidades básicas. Só que, neste mundo atual, já não nos basta ter uma casinha, um carro, uma viagem boa nas férias e o filho bem cuidado.

Queremos mais, e acho que devemos querer mesmo. Não só por querermos individualmente termos mais (posses), mas porque ainda há uma disparidade tão grande de facilidades e acesso a bens (materiais e imateriais), serviços, e mesmo à cultura, que chega a assustar. Claro, precisamos também SER mais (melhores).

Tem sido motivo de frustração para muita gente não ter uma comida, uma roupa, e mesmo a casa, o carro e as férias que já mencionei. Para outros, um pedaço de pão já seria um semi-paraíso. Estranho também perceber quão a cultura pode ser libertadora, pois quanto mais conhecimento se adquire, mais damos valor ao pouco que já possuímos, e ao mesmo tempo, por contradição ou não, tomamos conhecimento, de que podemos mais. Percebemo-nos (generalizo porque encontro eco deste pensamento em outras pessoas) frustrados por não ter acesso a uma viagem mais longa para que nos embrenhemos em novas culturas, tenhamos novos ciclos de convivência, um vinho melhor para se tomar, um bem material adicional, a saúde em dia, o corpo firme, um amor do lado, o descortinar de novas perspectivas, e o reconhecimento profissional a coroar essas conquistas.

Como diria o slogan de um time de futebol, parafraseado por um político conhecido... A gente pode mais! É um chamado realmente envolvente, mas não entro no mérito da questão da intenção por trás dele. Aliás, como muitos já sabem, na maioria das vezes, a pessoa não vota neste ou naquele político, mas na imagem que faz dele – que geralmente não tem nenhuma relação com nossas aspirações.

Pode soar meio raso este meu desabafo, e de fato, pode ser. Queria mesmo era que alguém me apontasse novos pontos de vista, não só técnicos, mas também de outra ordem que ultrapassasse o conhecimento das práticas políticas fora da relação bem x mal.

Por ora, me satisfaço com o desabafo, até que alguém jogue mais alguma luz sobre o assunto.

Escrever sempre me fez bem, e ando aposentado da escrita que não seja àquela exigida pelo meu trabalho. As letras são, hoje, algo prático. Mas sempre foi também o depositário de minhas aspirações, devaneios, desabafos (como agora), enfim. E quis compartilhar um breve raciocínio nesta quarta-feira com algumas pessoas questionadoras, e que não precisam de um slogan político para pensar a política, a vida, a prática ou o sonho que nos aproximam ou distanciam do desejo e/ou da necessidade de votar.

Forte abraço e ótimo dia!

Salvador Lopes - jornalista - Assessoria de Comunicação - Divinópolis/MG

2 comentários:

  1. Bom, acho que no Brasil é meio difícil pensar em sentimento motivador do voto, uma vez que não é nos dado o direito do não votar(somos obrigados a votar, quem se motiva com isso?). Acho que já seria um bom começo mudar essa situação. Junto a isso, é impossível se motivar a votar com aquela deprimimente propraganda eleitoral(Se não é um candidato xigando o outro, são candidatos que viraram santos, abraça pessoas de periferia, dar mil cestas básicas pros necessitados, será que eles pensam que nós somos palhaços?). Entretando, vejo que o recente Projeto Ficha Limpa aprovado é um bom motivo que me fará pensar escolher um candidaoto(já é um bom começo, aliás). Também, os debates( me refiro aos debates civilizados) é um outro aliado, uma vez que mostra quem são os candidatos realamente preparados(apesar de nem sempre cumprirem tudo o que prometem). elegeu.

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  2. Seu comentário faz todo sentido, Thiago. No meio do vômito de interesses da classe política, há sempre um prato mais digesto... Pena ser tão difícil indentificar, e acabamos comendo uma política cada vez menos "social" de verdade.

    Salvador Lopes

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